Alguns participantes do projeto “Resistência Kaingang” viajaram até Brasília para acompanhar as comunidades Kaingang no Acampamento Terra Livre.
O ATL celebrava 15 anos nessa edição que reuniu mais de 3500 indígenas. Os porta-vozes das diferentes comunidades indo a “pintar Brasília de urucum e jenipapo” como apontou Sonia Guajajara deixaram um recado bem claro para o governo Bolsonaro: suas reformas etnocídas não passaram!
As pautas se centraram principalmente no retorno da FUNAI para o Ministério da Justiça e da devolução das suas competências de demarcar as terras e da revogação do Parecer 001/2017 da AGU que institui o “Marco Temporal”, que dizer que todas as TI que foram retomadas após 1988 não poderiam ser legalmente demarcadas. As delegações indígenas se invitaram no Senado e na Câmara dos Deputados onde insistiram com firmeza nas suas demandas! Após essas reuniões, o presidente da Câmara Rodrigo Maia se comprometeu em trabalhar para desaprovar a Medida Provisória 870 que deverá ser analisada nas próximas semanas pelo Congresso.
Aconteceu também o I Encontro das Mulheres Indígenas, foi decidido que se realizará uma marcha das mulheres indígenas em agosto desse ano em Brasília com o tema decidido na assembleia: “Território: Nosso corpo, nosso espírito.”
Deixamos aqui o link do documento final do XV Acampamento Terra Livre para maiores informações.
Em relação aos Kaingang, as lideranças Luis Salvador Saci (TI Kanhgág ag Goj) e Isaías da Rosa (TI Goj Venh Xú) realizaram uma reunião com o presidente da FUNAI exigindo a demarcação das terras dos acampados no Rio Grande do Sul. Após um breve encontro, se reuniram com o secretário dos assuntos fundiários que apontou que a verba das indemnizações para os agricultores assim como todo o poder de atuação da FUNAI no que tange a assuntos fundiários foi entregue ao Ministério da Agricultura (MAPA). Em relação à TI Votouro/Kandóia nos foi indicado que o processo, por causa do Parecer 001/2017, retornou para FUNAI para revisão. A entidade se comprometeu com as lideranças a revisar o processo ainda esse ano.
No mais, sentiu-se no coração do ATL muita força, muita resistência e determinação de parte de todos os participantes!
*As fotos foram tomadas por Clémentine.